A Universidade de Santa Maria (USM), idealizada e fundada pelo professor Dr. José Mariano da Rocha Filho, em 14 de dezembro de 1960, (Lei nº 3834-C), foi solenemente criada em Goiânia, na sacada do Palácio das Esmeraldas, e instalada em 1961. Foi a primeira universidade criada no interior, fora de uma capital brasileira.
Esse fato tornou o Rio Grande do Sul o primeiro Estado da Federação a ter duas universidades federais. A USM foi federalizada pela Lei nº 4.759, de 20/08/1965, passando a ser, então, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Desde 1º/03/1961, ou seja, desde o mês e ano da instalação, fui aluno, e, a partir de 1º/03/1967, professor. Após seis décadas, ainda me percebo UFSM! Ao ler comentários, nem sempre reais, nem sempre verdadeiros, sobre a universidade, sinto-me desafiado a falar sobre a vida dessa instituição. Como aluno dos cursos de Direito e de Pedagogia, vivi intensamente a vida acadêmica. Participei em Santa Maria, no RGS e no Brasil, dos congressos da UEE e UNE, no conturbado período que culminou com o Golpe ou Revolução de março.
Lembro, por relevante, o último congresso da UNE, em Niterói, no Rio, em 1964, com debates acalorados, agressivos, altissonantes, que atravessavam a madrugada.
Ao lembrar, hoje, os fundamentos dos apartes e discursos, percebo o que, o quanto e o como queríamos o Brasil e a Educação, naquele tempo.
No ano de 1965 vivi, em São Paulo, cursando especialização em Comportamento Humano. Em 1967, vivi, no Rio de Janeiro, onde fiz o mestrado em Administração Pública, na FGV, com colegas de todo o Brasil. Essas duas notáveis experiências me permitiram perceber a UFSM sob outros ângulos e novas perspectivas.
A dissertação de Mestrado sobre a crise da Universidade Brasileira, com a análise de fatores determinantes, pesquisa e texto publicados à época, tanto pela UFSM como pelo MEC, me permitiu, desde então, estudar a instituição, olhando de dentro para fora e de fora para dentro. A UFSM não pode, hoje, ser vista com um olhar pequeno. Esse é um grande desafio. Trata-se de uma instituição federal, com mais de duas centenas de cursos de graduação, dezenas de pós-graduações, além de centros de pesquisa relevantes. Líderes e gestores competentes, com visão de futuro, aliada a uma real compreensão do presente, é a atual demanda da UFSM.
Hoje, me atrevo, como ex-aluno e ex-professor, a afirmar que os próximos reitor e vice não poderão ter o tamanho dos problemas, mas o de líderes capazes de levar a instituição ao patamar que necessita e merece.
Texto: Máximo Trevisan
Advogado e escritor